segunda-feira, 14 de abril de 2014

Exercícios Físicos e o Aumento da Musculatura Esquelética



 

     Exercícios físicos promovem o aumento da musculatura esquelética. Mas a pergunta é: o que aumenta? O número de células no músculo ou o volume das células já existentes?

     A atividade física estimula as células musculares esquelética já existente a produzirem novas miofibrilas, o que ocasiona aumento do volume da célula e consequentemente do músculo.

     No indivíduo adulto, as células da musculatura esquelética não se dividem mais. No entanto, existem células especiais chamadas satélites, que são mononucleadas, pequenas e se localizam no tecido conjuntivo que envolve os miócitos. Em situações muito especiais, quando o músculo é submetido a exercícios intensos, essas células podem se multiplicar e algumas delas se fundir com as fibras musculares já existentes, contribuindo também para o aumento do músculo. As células satélites são importantes nos processos de regeneração da musculatura esquelética quando ocorrem lesões.

     Os músculos esqueléticos estão adaptados à realização de movimentos descontínuos, pois não estamos sempre usando os mesmos músculos e sempre com a mesma intensidade. Assim, as células musculares esqueléticas são solicitadas a entrar em ação de forma descontínua. Para isso, possuem adaptações especiais que lhes possibilitam sair do repouso para o exercício de forma muito rápida. Nenhum outro tecido apresenta variações tão grandes e abruptas no gasto de ATP.

     São basicamente quatro os processos existentes nessas células relacionadas ao fornecimento de energia para o trabalho muscular: reserva de ATP, reserva de fosfocreatina, fermentação lática e respiração aeróbica. Esses sistemas são acionados em sequência e solicitados na maioria das atividades físicas, de modo que o fornecimento de energia seja contínuo, ou seja, uma fonte é acionada antes que a anterior se esgota. A contribuição efetiva de cada uma delas varia em função de intensidade e da duração do exercício.
As células musculares esqueléticas já possuem uma reserva de ATP, que é a primeira a ser utilizada na contração muscular. Essa reserva, no entanto, só é capaz de fornecer energia para cerda de 1 a 2 segundos de atividade muscular intensa. Prosseguindo a atividade física, a reserva de fosfocreatina é acionada.

     A fosfocreatina é um composto altamente energético, que cede seu radical fosfato para o ADP, formando ATP. Ela é sintetizada a partir da creatina e de ATP nos momentos de repouso do músculo.

     As reservas de ATP e de fosfocreatina nos músculos esqueléticos constituem um suprimento imediato de energia para a contração muscular, suficiente para esforços máximos de cerca de 6 a 8 segundos. Sua utilização não depende de respiração, ou seja, é estritamente anaeróbia, pois essas substâncias já se encontram prontas na célula para serem usadas. Em uma corrida de 100 metros rasos, em um nado rápido de 25 metros, em um salto em altura, por exemplo, essas são as principais fontes de energia para a atividade muscular.

     Se o trabalho muscular continuar, outras fontes de energia passam a ser empregadas pelas células. O próximo suprimento a ser utilizado é o glicogênio armazenado nas células musculares.

     Glicogênio é convertido em glicose, que inicialmente é degradada de forma anaeróbia, pois a oferta de gás oxigênio pela circulação não aumenta de modo imediato e proporcional à necessidade da célula. Apesar de as células esqueléticas terem mioglobina, um tipo especial de pigmento vermelho análogo à hemoglobina e que serve de deposito de oxigênio nos músculos, essa reserva é pequena perto da necessidade imediata.

     O glicogênio é rapidamente consumido, e a energia é utilizada para exercícios intensos com duração de cerca de 1 a 2 minutos. A glicose degradada por fermentação lática produz lactato, que sai da célula muscular e passa o sangue, sendo absorvido principalmente pelo fígado, onde é convertido em glicose.
À medida que os sistemas respiratórios e circulatórios são ativados, chega ao músculo maior quantidade de oxigênio. Inicia-se, então, a formação de ATP pela respiração aeróbia, em que a glicose é degradada completamente em CO2 e água.


     Paralelamente, o fornecimento de ácidos graxos para o sistema muscular aumenta. Isso ocorre porque na atividade física há liberação de adrenalina, que age sobre o tecido adiposo estimulando a degradação dos lipídeos aí armazenados. Ácidos graxos são liberados e levados pela corrente sanguínea até os músculos. Assim, à medida que a reserva de glicogênio diminui, a degradação aeróbia dos ácidos graxos assume importância crescente. Essa é a situação que se verifica em corridas de longa distância, no ciclismo, em maratona etc. Quando se realizam exercícios extenuantes, o oxigênio pode se tornar insuficiente para a atividade muscular aeróbia, situação em que a célula passa a realizar fermentação lática.     

Referências Consultadas

LOPES, Sônia. Biologia: volume único. 2ª ed. São Paulo - Saraiva, 2008.
McARDLE, William; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4ª ed. Rio de Janeiro - Guanabara Koogan, 1998.

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