
Exercícios físicos promovem o aumento da musculatura
esquelética. Mas a pergunta é: o que aumenta? O número de células no músculo ou
o volume das células já existentes?
A atividade física estimula as células musculares esquelética
já existente a produzirem novas miofibrilas, o que ocasiona aumento do volume
da célula e consequentemente do músculo.
No indivíduo adulto, as células da musculatura
esquelética não se dividem mais. No entanto, existem células especiais chamadas
satélites, que são mononucleadas, pequenas e se localizam no tecido conjuntivo
que envolve os miócitos. Em situações muito especiais, quando o músculo é
submetido a exercícios intensos, essas células podem se multiplicar e algumas
delas se fundir com as fibras musculares já existentes, contribuindo também
para o aumento do músculo. As células satélites são importantes nos processos
de regeneração da musculatura esquelética quando ocorrem lesões.
Os músculos esqueléticos estão adaptados à realização
de movimentos descontínuos, pois não estamos sempre usando os mesmos músculos e
sempre com a mesma intensidade. Assim, as células musculares esqueléticas são
solicitadas a entrar em ação de forma descontínua. Para isso, possuem
adaptações especiais que lhes possibilitam sair do repouso para o exercício de
forma muito rápida. Nenhum outro tecido apresenta variações tão grandes e
abruptas no gasto de ATP.
São basicamente quatro os processos existentes nessas
células relacionadas ao fornecimento de energia para o trabalho muscular:
reserva de ATP, reserva de fosfocreatina, fermentação lática e respiração
aeróbica. Esses sistemas são acionados em sequência e solicitados na maioria
das atividades físicas, de modo que o fornecimento de energia seja contínuo, ou
seja, uma fonte é acionada antes que a anterior se esgota. A contribuição
efetiva de cada uma delas varia em função de intensidade e da duração do
exercício.
As células musculares esqueléticas já possuem uma
reserva de ATP, que é a primeira a ser utilizada na contração muscular. Essa
reserva, no entanto, só é capaz de fornecer energia para cerda de 1 a 2
segundos de atividade muscular intensa. Prosseguindo a atividade física, a
reserva de fosfocreatina é acionada.
A fosfocreatina é um composto altamente energético,
que cede seu radical fosfato para o ADP, formando ATP. Ela é sintetizada a
partir da creatina e de ATP nos momentos de repouso do músculo.
As reservas de ATP e de fosfocreatina nos músculos
esqueléticos constituem um suprimento imediato de energia para a contração
muscular, suficiente para esforços máximos de cerca de 6 a 8 segundos. Sua
utilização não depende de respiração, ou seja, é estritamente anaeróbia, pois
essas substâncias já se encontram prontas na célula para serem usadas. Em uma
corrida de 100 metros rasos, em um nado rápido de 25 metros, em um salto em altura,
por exemplo, essas são as principais fontes de energia para a atividade
muscular.
Se o trabalho muscular continuar, outras fontes de
energia passam a ser empregadas pelas células. O próximo suprimento a ser
utilizado é o glicogênio armazenado nas células musculares.
Glicogênio é convertido em glicose, que inicialmente é
degradada de forma anaeróbia, pois a oferta de gás oxigênio pela circulação não
aumenta de modo imediato e proporcional à necessidade da célula. Apesar de as
células esqueléticas terem mioglobina, um tipo especial de pigmento vermelho
análogo à hemoglobina e que serve de deposito de oxigênio nos músculos, essa
reserva é pequena perto da necessidade imediata.
O glicogênio é rapidamente consumido, e a energia é
utilizada para exercícios intensos com duração de cerca de 1 a 2 minutos. A
glicose degradada por fermentação lática produz lactato, que sai da célula
muscular e passa o sangue, sendo absorvido principalmente pelo fígado, onde é
convertido em glicose.
À medida que os sistemas respiratórios e circulatórios
são ativados, chega ao músculo maior quantidade de oxigênio. Inicia-se, então,
a formação de ATP pela respiração aeróbia, em que a glicose é degradada
completamente em CO2 e água.
Paralelamente, o fornecimento de ácidos graxos para o
sistema muscular aumenta. Isso ocorre porque na atividade física há liberação
de adrenalina, que age sobre o tecido adiposo estimulando a degradação dos
lipídeos aí armazenados. Ácidos graxos são liberados e levados pela corrente
sanguínea até os músculos. Assim, à medida que a reserva de glicogênio diminui,
a degradação aeróbia dos ácidos graxos assume importância crescente. Essa é a
situação que se verifica em corridas de longa distância, no ciclismo, em
maratona etc. Quando se realizam exercícios extenuantes, o oxigênio pode se
tornar insuficiente para a atividade muscular aeróbia, situação em que a célula
passa a realizar fermentação lática.
Referências Consultadas
LOPES, Sônia. Biologia: volume único. 2ª ed. São Paulo - Saraiva, 2008.
McARDLE, William; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4ª ed. Rio de Janeiro - Guanabara Koogan, 1998.
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